" A Filosofia nossa de cada dia..."
Certa feita me perguntaram, com desdém, sobre a
importância do ensino da filosofia, uma vez que, conforme muitos já disseram não
há como se ter uma definição precisa do que ela seja, a não ser o
reconhecimento do significado dos termos que a compõe (philos = amor/amizade +
sophia = sabedoria) e partindo deles esboçar-se alguns conceitos. De pronto eu
pensei: “está aí uma oportunidade para travar um debate”, mas o tempo e o local
não eram propícios, o que não impediu de passar pela minha cabeça algumas respostas
prontas como por exemplo o fato de que “mesmo para negar a
importância da filosofia é necessário filosofar”, ou ainda de que ela é indispensável e necessária pois “trata de todas as coisas, desde a sua origem
primeira até o seu fim último”. No entanto, para o
momento, eu rebati a pergunta com algumas outras (movimento característico da
filosofia, sem contar o fato de que em filosofia, muitas vezes uma resposta
tornar-se outra pergunta e assim consecutivamente...): o que é importante para
o ser humano? A propósito o que é o ser humano? Qual a sua origem e essência? O significado de sua existência? Seus valores? Afinal o que é valor e
quem o define como tal? Mas como o tempo era limitado fixei em três questões
que eu tinha certeza ser fatal para meu interlocutor: Felicidade, Amor e “Deus”
são questões importantes para o ser humano? Obviamente que a resposta foi
afirmativa, e disparei, você consegue definir plenamente estas três realidades?
E a resposta foi negativa, pois mesmo sabendo do que se trata reconheceu que
era impossível esgotar todo o seu significado em poucas palavras. Desta forma arrebatei
que mesmo não conseguindo definir plena ou satisfatoriamente o que venha a ser a
filosofia ela continua sendo importante, necessária e indispensável, pois trata
destas e de todas as questões fundamentais para a existência humana... Enfim,
não me fiz de rogado e tratei de contemporanizar Gramsci e Savianni trazendo a
baila que “todos os homens são
filósofos na medida em utilizam o bom senso”, mas não deixando de considerar que “nem todo pensamento é
reflexivo” da mesma forma que “nem toda reflexão é filosófica”, pois ela somente o é, na medida em
que conjuga a radicalidade (vai a raiz do problema), a sistematização (possui
um método claro e definido) e a consideração todos os elementos que, direta ou
indiretamente, afetam o problema em questão. Professor de Filosofia não perde a
deixa... não é mesmo?